sábado, 18 de abril de 2015

Aprendizagem Online em Casos de Emergência

Em fevereiro deste ano, na capital paulista, o rio Tietê transbordou, escolas foram atingidas e bairros inteiros ficaram alagados. Apesar de tudo, a forte chuva ajudou a encher o reservatório do sistema cantareira. Em contrapartida milhares de alunos ficaram sem aulas.
Isso parece tudo? Não, Emergências ocorrem não apenas com a natureza mas, também com a saúde. Quantas vezes já não ouvimos falar de alunos que perdem aulas devido a uma emergência médica? Ocorreu dentro da minha própria realidade. Meu filho teve uma miocardite e teve que ficar em casa em responso absoluto durante 25 dias. E como ficam as aulas?
Além destas existem outras situações como: violência urbana – alunos em risco de sofrerem ameaças ou habitarem regiões onde ocorrem brigas entra facções criminosas, tiros por todos os lados… Situação caótica?A pergunta: o que as escolas têm feito para assegurar o acompanhamento das aulas por este público? Antigamente existiam os tutores domiciliares. Algumas escolas mandavam professores habilitados a prestarem o acompanhamento dos alunos debilitados.
Porque isso mudou de forma tão drástica?  A realização de aulas online parece enganosamente simples, mas já envolve sistemas de grande porte, como os distritos escolares ou universidades, e é algo que não têm ocorrido espontaneamente. Parece que ninguém está planejado para essas situações de emergência, principalmente sobre como se deve planejar a aprendizagem online a fim de que emergências como essas sejam atendidas.
Além da emergência do fato gerado (proporcionar educação a distância) ocorre a necessidade de atendimento da emergência do fator gerador (saúde debilitada, tempo complicado, violência que impede o cidadão a sair de sua casa para ir estudar, etc…).
Então quais são as decisões a se tomar?
1. Desenvolver uma ampla política de EaD na sua escola.
Uma política de aprendizagem online é realmente necessária, independente da legislação aplicada atualmente no Brasil. Qual será o papel de aprendizagem em sua escola? Seu plano político pedagógico prevê esse tipo de situação que eu mencionei acima?  Os alunos, professores e os pais possuem algum tipo de acesso online em alguma plataforma de educação a distância ou LMS que a sua escola oferece? Onde e como os estudantes e professores acessam os materiais? Será que a sua comunidade tem acesso a algum portal educacional? A partir de qual nível (idade/série) os estudantes possuem permissão para estudar online (todos os níveis? Ensino médio?)?
2. Integrar a tecnologia como plano de resposta de emergência na sua escola.
Algumas escolas já possuem planos e sistemas de resposta a emergências. Porém alguns ainda não integraram a tecnologia educacional (incluindo aprendizagem online e design de cursos exclusivo para essa modalidade) para atender essa política. Um lugar fundamental para começar é perguntar qual é o papel da tecnologia e como isso será feito no ato em que ocorrer a emergência? Em qual o contexto (análise contextual é requerida neste caso) o seu público se encontra? Esses alunos possuem acesso a internet e fluência digital para atender ao seu plano? Essa integração pode incluir o treinamento (para os professores ensinarem online) e os alunos a compreenderem como usar o LMS ou portal ou escola Internet (para que eles conheçam suas senhas, tenham acesso às matérias)?
3. Realizar um inventário da tecnologia requerida dos alunos nas escolas.
Que dispositivos é que os alunos e suas famílias possuem? Possuem acesso à Internet ou acesso à rede celular e smartphones? Saber o que as crianças possuem e se elas sabem como usar – ou seja, uma avaliação  ou análise contextual prévia sobre a infra-estrutura disponível - é um requisito básico para o planejamento para a aprendizagem online.
4. O acesso dos alunos a computadores ou rede de internet em casa
É aqui que reside o problema de qualquer planejamento das políticas de educação online de sua escola. Alguns alunos possuem computadores em casa, outros, especialmente os de baixa renda, não podem ter. Além disso muitas escolas ainda carecem de programas específicos desenhados especialmente para essa condição apresentada. Outros alunos, também de baixa renda, não tem acesso a um computador em casa ou um que funcione bem, quiçá rede para acesso a internet. Existem 2 escolas no Brasil que providenciam, em substituição ao tutor domiciliar, o acesso a um modem (pendrive) portátil com internet integrada aos alunos que estão convalescendo em casa - utilizado só em caso de emergência relacionada a tempo e saúde. Se a sua escola possui um plano político que leva em consideração essas condições, certamente estará na frente.
5. Abordar questões em torno do acesso de banda larga.
Outra coisa complicada. Uma resposta de emergência só pode funcionar se os alunos têm acesso à Internet em casa (e, idealmente, o acesso a banda larga em casa). Isso realmente é uma área que precisa de atenção especial, o pensamento criativo, e parcerias. Como exemplos, as escolas poderiam proporcionar aos alunos que não têm acesso à internet em casa com modems USB que podem ser conectados a um laptop para acessar um provedor de Internet móvel (não ideal pois o acesso é muito lento). Prefeituras e escolas podem explorar parcerias público-privadas, que poderia permitir acordos ou cooperação em termos de desenvolvimento de infra-estrutura básica da Internet ma sua comunidade? Seu plano político pedagógico deve prever tal situação? Solicitar patrocínio para obtenção de serviços que subsidiem o acesso à Internet em áreas de baixa renda é necessário? É possível na sua região?
6. Use a tecnologia facilmente disponível.
Considere outras tecnologias como TV educativa ou de programação educacional através de canais a cabo da comunidade local, ou estações de rádio comunitárias, ou o telefone. Que tal pagar uma mensalidade a algum portal educacional que já possui todos os materiais desenvolvidos? Exemplo: portal educacional do Positivo que oferece conteúdos e acesso à informação à diversas escolas conveniadas. O ponto não é, necessariamente usar o ensino on-line, mas sim fornecer instruções durante uma emergência, através das tecnologias que a maioria das famílias já têm e sabem como usar.
7. Mover-se para uma abordagem de blended learning.
Pensar numa abordagem blended-learning (ensino misto – presencial e online juntos), onde os alunos participam de algumas aulas na escola e algumas online é uma estratégia que ajuda na implementação de planos emergenciais, uma vez que o aluno que, porventura, se ausentar poderá acompanhar o curso sem problemas pois já estará ambientado na plataforma. Isso é o que chamo de “prevenir para não ter que diagnosticar”. Uma abordagem blended ou mista, também significa que a escola deverá abordar as questões de banda larga e acesso em casa, já que os alunos terão acesso ao currículo via recursos digitais.
Conclusão:
A natureza sempre vence. Chuvas, doenças, calamidades públicas e violência podem tirar o aluno de sala de aula. Com uma abordagem de aprendizagem online podemos minimizar problemas. Devemos sempre estar prontos para eventos não planejados. Se quisermos capitalizar o potencial real da aprendizagem online para conectar os alunos e conteúdos em situações como essas, o planejamento é inevitável. A sua instituição está preparada para isso?
Avante

Fonte: http://www.abradi.org/?p=3368

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fique a vontade para compartilhar informações, comentários e links.
Mas seja gentil. :)