segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Educação Musical encontra vantagens com EaD

Nos últimos anos a educação à distância tem avançado, vencendo aos poucos o preconceito dos educadores mais antigos. No entanto, ainda existem resistências relacionadas não à modalidade, mais aos cursos em si. Alguns cursos, como os de engenharia e os voltados para a área da saúde, exigem aulas práticas presenciais, o que impossibilita seu ingresso na modalidade.
 Todavia, algumas graduações, que normalmente não seriam feitas à distância, adaptam-se ao novo modelo, tornando-se até mesmo, em alguns aspectos, mais efetivas. É o caso da educação musical. O supervisor de Tutoria Virtual da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), André Corrêa, garante que muitos docentes veem vantagens na modalidade.
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André Corrêa teve seu primeiro contato com a EaD ainda na graduação
André teve seu primeiro contato com a educação à distância (EaD) quando ingressou no grupo de iniciação científica,  cujo orientador estava envolvido com pesquisas sobre a EaD. Ele gostou tanto do tema que também realizou seu mestrado na área, focando sua pesquisa no perfil dos professores. Investigou como eles aprenderam a ensinar à distância, suas percepções sobre os cursos e quais adequações tiveram que fazer para atuarem na educação online.
 Na pesquisa constatou que entre os benefícios da EaD na educação musical está o fato do professor focar sua atenção individualmente para cada aluno. “Como o professor avalia cada aluno separadamente o atendimento acaba sendo muito mais minucioso, detalhado. No presencial não dá pra fazer isso, porque o educador está em uma sala com 20 pessoas se apresentando e tem que avaliar todo mundo ao mesmo tempo”, diz.
 Alan Maciel Oscar  também é professor em um curso de EaD. Ele realiza cursos preparatórios de educação musical. “Faço diversos tipos de cursos, voltados para concurso público e provas práticas realizadas no vestibular de música das universidades federais”, diz. Ele destaca outra vantagem da EaD: a utilização de diversos recursos durante as aulas, “acredito que essa característica, inclusive, também tem beneficiado os alunos presenciais, que utilizam os recursos que estão sendo gerados na EaD pelos professores, como vídeos, gravações de áudios e conteúdos disponíveis na net”.
 Todavia, para se adaptar e atuar nesse modelo de ensino, os professores tem que se preparar. “Com a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) a Ufscar, onde atuo, gastou energia para desenvolver seus professores”, fala André. O supervisor afirma que até então o Brasil não possuía essa cultura, diferentemente dos Estados Unidos e Europa, que já ofereciam Educação Musical à distância, por exemplo. Ele lembra que antes da UAB as universidades já estudavam a EaD, mas uma das primeiras iniciativas práticas na área partiu da UFSCar.
 “Apesar de muitos ainda pensarem que a aula presencial é melhor, a universidade resolveu investir e se preocupou em fazer uma EaD tão boa quanto a presencial”, diz. Hoje, André atua como supervisor dos tutores online do curso de Educação Musical à distância. “A supervisão é essencial porque a disciplina chega a ter mais de 200 alunos, o que exige atenção dos docentes”. No curso, para cada grupo de 30 alunos existe um tutor online. A dinâmica é diferente e possui “entraves maiores que a distância, como pontos burocráticos, legislação e adaptação ao modelo”.
 O aluno chega a ter algumas disciplinas a mais, exigidas pelo MEC e que tem que ser realizadas presencialmente nos pólos, mantidos pela prefeitura. Ele também realiza atividades práticas em casa em todas as disciplinas que envolvem o fazer musical. “O aluno faz a atividade prática e envia o arquivo para o professor, ou leva o material para o pólo”, fala André. Geralmente o tutor passa a peça musical para o aluno, que deve desenvolvê-la e gravá-la em vídeo, para que seja possível realizar a avaliação.
 Processo semelhante ao utilizado por Alan. A diferença é que as atividades práticas são feitas pelos alunos de maneira síncrona. “Eles tocam na hora para mim, sem gravações, para evitar que fiquem refazendo várias vezes as peças. Por isso, o aluno precisa ter uma internet legal, para que o som chegue sem falhas”, conta. Quem acaba gravando as peças é o próprio Alan, que grava alguns pontos a respeito da lição, no entanto, a preferência é pela interação síncrona: “eu toco para os alunos, para que tenham a ideia exata do que eu quero, daí o aluno repete algumas vezes, para que tenha certeza de que ele entendeu”, complementa.
 Alan percebe que a demanda cresce cada vez mais, “os alunos gostam do método e indicam para outros alunos, como atendo muitas pessoas que tentam ingressar no exército, marinha, polícia militar, as indicações se espalham pelos estados”, afirma.
 Para ele hoje já não existem grandes distinções na educação presencial e online, apesar de ter diferenças conceituais. Ele aponta que o diferencial das modalidades é o aluno. “Na educação musical algumas coisas à distância, quando ensinadas, não conseguem se tornar claras para qualquer aluno. Algumas pessoas tem mais dificuldade e um ritmo que se encaixa melhor na aula presencial. O problema maior é o próprio aluno”.
 Professores e alunos da EaD
 André conta que o perfil do aluno que procura o curso à distância de Educação Musical é diferenciado. Enquanto no curso presencial o estudante costuma ser mais jovem o da EaD é mais velho e geralmente são músicos experientes que precisam de uma graduação em licenciatura ou já são formados em outras graduações. “Se na educação presencial os alunos tem 20 anos, na EaD eles tem 20 anos de experiência como músicos”, afirma o supervisor.
 Essa característica permite que os professores explorem melhor esse aluno. Isso porque conseguem avaliar os alunos melhor, já que tem oportunidade de analisar as performances quantas vezes quiserem.
 No caso de Alan o perfil é um pouco diferente, “a idade dos alunos chega a variar, mas em 99% dos casos eles possuem conceitos musicais totalmente distorcidos. O principal é que o aluno tenha disciplina, isso fará com que tenha sucesso nesse tipo de aula”.
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Alan ajuda os alunos a se prepararem para as provas práticas do vestibular e concurso público
Todavia, André aponta que é impossível afirmar qual modalidade é melhor. “Quando você discute isso, na verdade começa a debater a qualidade da educação em si, questões que definem a qualidade da educação, como infraestrutura, por exemplo”.
 Ele também afirma que a tecnologia não garante o sucesso do curso. “É preciso pensar na formação dos professores como um todo. Ponto que deve ser pensado também pelos cursos presencias, já que a tendência é que muitos educadores atuem na EaD no futuro”. Motivo que fez com que a Ufscar desenvolvesse disciplinas específicas sobre EaD nos cursos à distância. “Os professores saem capacitados para atuarem na EaD”, diz André.
 Outro ponto levantado pelo supervisor é que cada vez mais qualquer tipo de curso pode ser desenvolvido na EaD, mas “a EaD não foi feita para sobrepor a educação presencial e não foi feita para qualquer tipo de aluno. O Brasil ainda está muito incipiente quando comparado a outros lugares do mundo”. Ao falar sobre evasão André destaca que ela ocorre principalmente devido a um equívoco dos alunos: “Muitos pensam que as aulas são feitas completamente à distância, mas na verdade é a Universidade que está à distância, o aluno ainda tem que ir aos pólos”. “Alguns alunos não pensam nas aulas presenciais, moram longe dos polos e não tem condições de irem para lá com frequência, consequentemente, acabam desistindo dos cursos”, complementa.
Fonte: http://cloud-ead.programmers.com.br/blog/educacao-musical-encontra-vantagens-com-ead/

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