Gostaria de saber que educar é, de fato, um ato absolutamente digno, um serviço que traz consigo a promessa de transformar pessoas.
Gostaria de saber que muitos alunos tem a mesma ânsia pelo conhecimento que eu tenho, mas nem todos. E ainda que muitos pais estão absolutamente interessados na educação dos filhos, mas grande parte deles, não.
Gostaria de saber que um educador no Brasil não é bem remunerado nem valorizado fora da sala de aula, mas algumas vezes, é muito reconhecido dentro dela.
Gostaria de saber que um plano de aula é flexível. Que muitas vezes, você prepara uma aula achando que ela será um grande sucesso, e na prática, ela se revela um grande fracasso. Mas gostaria de saber que o inverso também acontece, felizmente.
Gostaria de saber que Regimento Escolar e Projeto Pedagógico são dois documentos invisíveis como bruxas e duendes… você sabe que eles existem, mas nunca os vê…
Gostaria de saber que dentre os mais de quarenta rostinhos que anualmente me esperavam nas salas de aula, muitos tinham por trás a carência e o sofrimento, pela falta de amor dos pais, ou pior, por maus-tratos e violência familiar.
Gostaria de saber que eu ficaria feliz com a comunicação da emenda de um feriado, mas depois, decepcionada, com a comunicação de uma reposição de aula num sábado.
Gostaria de saber que todos os trabalhos de arte, recortes e colagens, para decoração de murais e da escola, em datas comemorativas, seriam posteriormente rasgados, destruídos e jogados no lixo, sem piedade, e ficariam apenas na minha lembrança, ou no máximo, em alguma foto, quando me lembrasse de tirá-las.
Gostaria de saber que Dia dos Pais e Dias nas Mães na escola são datas importantes, trabalhosas e emocionantes, mas que muitos chorariam, não pela presença na festa, mas pela ausência do seu genitor.
Muitas coisas eu gostaria de saber quando comecei. Conhecer esses fatos, talvez tivesse me poupado descobertas inevitáveis, chocantes… Talvez tivesse me preparado melhor para cada uma delas. Talvez as enfrentasse com mais ímpeto e menos comoção. Quiçá, poderia tê-las evitado…
De qualquer forma, essas coisas que ninguém me contou, mas que descobri “jogando o jogo”, fortaleceram minha fé na Educação, minha crença no papel importante do educador e na certeza de que eu, como todos os meus colegas, poderíamos realmente transformar vidas; e nessa trajetória, sinto-me orgulhosa de ter a certeza, de que muitas, realmente eu transformei.
E você, o que gostaria de saber quando começou? Deixe seu comentário!
Fonte: http://ocafepedagogico.wordpress.com/2014/02/07/o-que-eu-gostaria-de-saber-sobre-educacao-quando-comecei/?goback=%2Egde_4390473_member_5837594040048046083 (Adaptado)
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